21 de janeiro de 2008

O Sol estava pintado de amarelo garrido e tingido de tangerina. Vesti uma blusinha larga e um colar arco-íris, saí! Corri para o túnel do metro, bati o pé repetidamente com frenesim como se quisesse avançar os números do relógio digital para que aquele monstrinho ruidoso se apresasse a levar-me daquele ambiente de ferro e betão onde o trânsito se ouve alto. Uma lufada de ar fresco, um chilrear amoroso, uma outra cor que não o cinza... era o que apetecia naquele dia. Puxei-te a mão para ver se mexias os pés molengos e o corpo mal espreguiçado. Olhavas-me com boca de espanto por me veres tão eufórica. -Ela chegou amor! - Sussurrei-te ao ouvido por desejar que aquele fosse um segredo só nosso. Desejava que o sol, o cheiro, a brisa, a melodia fossem só nossos.
Por fim chegámos. Atirei a mala para o chão, tirei as sapatilhas e as meias. Senti aquela relva fresquinha debaixo dos pés e sentei-me com perninhas “à chinês”. Alisei o verde ao meu lado e fiz aquele sorriso de cabeça inclinada para a direita para que te sentasses também e tu abriste um sorriso e acedeste ao meu pedido, tinhas finalmente entrado no espírito e percebido a minha urgência. Apontaste para uma papoila muito vermelha que balançava sozinha na grama e disseste “aquela é tua!” ao que eu respondi brincando “amanhã venho aqui regá-la!”
Olhei em volta. Só havia meia dúzia de pessoas que passavam apressadas de corpo estafado, cabeça baixa e cara de dia chuvoso mas nem quis pensar no porquê, como geralmente faço. Olhei o rio de um azul fugidio e uma calma tranquilizadora dos sentidos. Atirei uma pedrinha que deu saltinhos até se perder naquela água imensa. Respirei o mais fundo que consegui para reter aquele ar aparentemente puro dentro de mim. Reparei nos passarinhos indecisos a voar de ramo em ramo a cantar à desgarrada. Fixei-me, então, no teu olhar negro e brilhante. Beijei-te. Escorreu-me uma lágrima tímida de felicidade pela face gorducha até sentir o sal nos lábios. Deitei as costas no húmido de toda aquela natureza. Enrosquei a cabeça naquele lugar onde acaba o teu pescoço e começa o teu peito. Abraçaste-me e eu Sorri. Chegou a Primavera, uma que é só minha e tua, uma que é os nossos sorrisos e os nossos abraços, uma que é as nossas caminhadas e as nossas paisagens.
Porque a Primavera não é uma estação do ano, é o estado de espírito que ele faz nascer em mim mesmo nos dias de terrível tempestade!

6 comentários:

Anónimo disse...

Esta fantástico, Ni :)
Daqeles bocadinhos de ti q fazem nascer um sorrisinho ca dentro tao qente, um bocadinho tao fofo, tao cheio de um carinho aconchegador...
Q a primavera chege para ti em cada dia destes q ai vem :) Ainda há tantos cheiros por sentir!
beijinho amigoo * (x

LiLi disse...

oh LIIIIINDO! amei sis!

este teu post agradou me tanto que ate parece que sinto a primavera e a alegria que me traz =D

tambem queria ter uma primavera para mim, durante todo o tempo, sempre que o desejasse!

**

Alexandra Bigotte de Almeida disse...

Mesmo nos dias de cor mais neutra, a primavera é uma optima aliada. Então se for só de "nós 2"...é especial!
Que a vossa primavera dure o tempo suficiente para se tornar inesquecivel...se for "para sempre" era o ideal!

Anónimo disse...

que lindo!

Anónimo disse...

descrição maravilhosa. Agora é continuares e não digas que não és capaz. Parece um excerto de um livro. continua-o. Às vezes os livros cpmeçam a ser feitos pelas páginas do meio,sabias?
gostei,mais uma vez!
p.s.: atenção aos erros ortográficos ou meras distracções! bjoo

Anónimo disse...

ohh k fofura de texto!

"Escorreu-me uma lágrima timida pela face gorducha até sentir o sal nos lábios..." adorei essa frase!

bjokita nii***